Luan
Entro na sala do escritório bem apreensivo. Meu pai queria me levar na conversa, mas ele não vai conseguir, não até que eu veja verdade nele.
-você escutou toda a minha conversa com sua mãe?-ele pergunta
-não, eu escutei só um pouco-sou um pouco ríspido, porém respiro fundo, afinal de contas ele é meu pai e Deus ordenou para respeitar pai e mãe-eu vi que estava de cara fechada quando chegamos, eu queria saber o porque, eu queria concertar, caso fosse algo comigo, porém o problema é contigo mesmo, nunca pensei que seria tão mesquinho a ponto de negar comida a uma pessoa por dinheiro
-não é isso, eu só acho que você já ajuda bastante, você faz doações todo mês, sempre que alguma instituição precisa você ajuda, você nunca negou ajuda a ninguém, o dinheiro é algo que quando bem trabalhado vem basicamente fácil, porém são segundos para perder tudo. Eu não estou sendo mesquinho, apenas realista, na minha opinião você tem que ajudar alguém que vai ter mudança através de você e não ajudar moradores de rua com comida, que no dia seguinte vai estar novamente procurando comida nos lixões da vida pra suprir a fome
-e você acha que eu não mudo a vida de uma pessoa lhe oferecendo um prato de comida? Quantas pessoas morrem de fome nas ruas desse Brasil e ninguém move um dedo pra ajudar? Quantas crianças choram por sentir um buraco no estômago? Eu não mudo a vida deles colocando eles no topo, melhorando a vida deles, ou algo do tipo, mas eu os modifico espiritualmente, eles precisam sentir que há esperança, que Deus não os abandonou, que é necessário a fé pra modifica-los, porque no final é isso, não sou eu quem mudo eles e sim a fé que eles tem
-eu sei, sua mãe me mostrou que estou errado mais uma vez, porém quando ela me disse sobre a ideia meu coração se apertou. E se um desses caras que vocês forem ajudar é algum viciado e sequestra você pra conseguir dinheiro? Eu não iria aguentar
-você nunca deve fazer algo pensando em como o outro vai reagir, você tem que fazer, pois a sua alma se alegra com a sua atitude. A atitude do outro é consequência, não importa se seja boa ou ruim, mas o que mais tem valor é que você estendeu a mão sem medo de ser puxado pro buraco
-eu entendi, e você tem razão, é muito mais homem do que eu. Eu tive um pensamento mesquinho, mas isso não quer dizer que eu não seja um ser humano bom. Eu erro, e reconheço, eu errei, eu estava nervoso, primeiro veio essa ideia, depois a Arleyde veio me encher porque você poderia ganhar em cima desse namoro, eu além de seu pai, sou seu empresário e infelizmente ou felizmente eu tenho que pensar em todas as possibilidades-dá uma pausa-me diz, quantas vezes eu já errei contigo?-silencia e eu também-muitas, você sabe que foram muitas, eu forcei coisas, tentei passar outras, mas você sempre foi homem de me enfrentar e dizer 'não é isso que eu quero no momento'. Eu como pai erro também, às vezes por se preocupar demais, por proteger demais, e hoje esse foi um dos meus erros, e pra finalizar eu não consegui separar o pai do empresário. Eu não devia, mas eu misturei minhas duas funções, e é como pai que eu venho me desculpar e afirmar que sim, eu estou errado, diz que me desculpa, que me perdoa, você é sim um homem cheio de responsabilidades e o seu envolvimento com a Marina não modifica isso, você é capaz de separar as coisas, você é capaz de cuidar da sua carreira e você é capaz de decidir o que é ou não bom pra ti-posso ver em seu olhar que está sendo verdadeiro comigo
-tudo bem-suspiro tirando o peso das minhas costas-eu te desculpo, não vou guardar ressentimentos, somos pai e filho, somos amigos e somos colegas de trabalho, não quero ficar brigado contigo por algo assim
-me desculpa mesmo, sei que errei e só quero sua felicidade
-eu sei que sim-encerro o assunto
Ele se levanta e estica a mão pra mim apertar. Ignoro o seu ato e puxo ele logo pra um abraço.
Me afasto dele deixado uns tapinhas em suas costas e saío dali.
Encontro o pessoal quase todo dentro na piscina. Dou um beijo na minha mãe que apenas observa a brincadeira na piscina ao lado da Arleyde, tiro minha bermuda e me jogo ali com as pessoas que me fazem bem.
A tarde passou maravilhosa e o começo de noite também. Depois de um banho gostoso e demorado, nos arrumamos e seguimos em dois carros. Passamos no endereço que a Xumba nos passou e depois de pagar, pegar as marmitas e bater umas fotos seguimos pelo trajeto que fizemos a horas atrás.
Já no primeiro viaduto que passamos havia um senhor com uma criança e um cachorro. A Marina desceu do carro com o Mario, a Hellen e pegou as marmitas no banco de trás.
Eles foram até o senhor já de idade, parecia abatido, a criança tinha os olhos vermelhos. Desligo o carro e desço do mesmo trancando. Me aproximo deles e assim que me vê o menino se surpreende e não consegue conter as lágrimas.
Mesmo morando ali eles me conheciam. Foi incrível ouvir rapidamente a história de vida dos dois. O senhor se chama Miguel, a criança Vinicius . Eles não são parentes. O Vinicius ficou orfam e pra não ir pro orfanato ele veio pra rua, o Miguel já morador de rua encontrou o Vinicius a anos atrás e optou por "adotar" o menino. Os dois transbordam amor pelos olhos ao falar do outro.
Não só eu como todos ali se emocionam. E foi meio triste se despedir deles sem ter muito o que oferecer, porém fiquei om as palavras do Miguel rondando em minha cabeça.
-mesmo que não tivesse nada nas mãos eu estaria grato por ter olhado pra gente, um gesto de compaixão vale mais que algo material, obrigado a todos vocês-ele diz animado
Seguimos caminho e entregamos todas as marmitas. O sorriso nas nossas bocas era tamanho. Sem dúvidas fazer uma ação dessa foi quase o ápice da minha vida. Ver aquelas pessoas tão agradecidas por ganhar um prato de comida. Ver como eles anseiam por uma refeição.
-to muito feliz-a Bruna diz depois que chegamos em casa, tinhamos acabado de deixar a Hellen e o Mario
-tem certeza que seus pais não vão achar ruim se eu dormir aqui?-Marina pergunta pela milésima vez
-já te disse que eles não se importam-afirmo
-tudo bem-sorri toda linda
Entramos em casa e contamos tudo pros meus pais que ficaram felizes pela nossa ação. Percebi ainda que meus pais estavam brigados e eu não podia fazer nada em relação a isso, meu pai quem pisou na bola com ela.
Depois de uma longa conversa subimos pro meu quarto. Empresto uma blusa minha pra Marina e uma cueca. Ela vesti sem nem reclamar.
-tá linda-puxo ela pra cama e me deito em cima dela-hoje foi incrível-pontuo alisando seu rosto
-foi maravilhoso-me rouba um selinho
-hoje meu dia foi cheio, mas por mais incrível que pareça não estou com sono
-nem eu, estou elétrica-ela confirma puxando o edredom pra nós cobrir
Ficamos conversando sobre a noite. Sobre as histórias que conhecemos, e sobre como é bom ver o sorriso no rosto de alguém que nem sabemos quem é.
-sabe que conhecer o Vinicius me passou uma coisa pela cabeça-ela diz pensativa
-é? O que?-pergunto curioso
-se eu tiver um filho, vai continuar comigo?-pergunta séria e eu engasgo com a minha saliva
Será que eu entendi certo?
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Oii!
Tchau!
Feliz Natal!
😘😘😘😘
Oi ? Ela ta pensando em adotar ele ? Estou chocada..
ResponderExcluirContinua logo vaca mais vacuda
Tati ja quero outro!
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