quinta-feira, 6 de abril de 2017

Capítulo 156 - Esquecimento

Luan

Depois de mais dois dias no hospital, o Mario finalmente teve alta e a Marina praticamente se mudou pro apartamento dele junto com o Fred, assim como a Hellen, as duas combinaram de se revezar em cuidar do Mario.

Hoje ela fará a ultrassonografia e ela resolveu esquecer justamente disso.

-anda Marina-reclamo
-já estou indo-ela grita do banheiro

Mando uma mensagem pra minha mãe pedindo pra ela ligar lá e avisar que chegaríamos um pouco atrasado. Meus pais são amigos do médico que fará a ultra.

-pronto-ela sai do banheiro enrolada em uma toalha

Permaneço em silêncio, estou chateado sim, ela poderia esquecer de tudo, menos do dia que veríamos o nosso neném.

-tô pronta-Marina fala depois de um tempo

Ela para na minha frente vestida em uma saía justa, que vai até o joelhos e tem uma abertura em um dos lados e uma blusinha de manga mostrando a barriga. Nos pés um tênis branco com prata. Os cabelos soltos e lindos como sempre.

-e agora? Podemos ir ou esqueceu de mais alguma coisa?-pergunto sério
-amor..-começa a fazer manha
-vamos?-pergunto
-vamos sim-ela se rende

Saío na frente e dou tchau pro Mario que está jogado no sofá assistindo TV, Marina faz o mesmo e me acompanha até o elevador.

Chegamos no carro e entramos sem trocar uma palavra. Ligo o rádio um pouco alto pra não haver diálogo e sigo até a clínica que minha mãe havia marcado.

Chegamos e eu desço na frente apenas com o celular, a chave do carro e a carteira na mão.

-já fechou?-ela diz olhando a clínica fechada
-sim, somente o médico está nos esperando-ando até a porta que ele avisou que está apenas encostada

Abro a porta pra ela e entro logo atrás. Escuto uma porta se abrir e em seguida o médico aparece.

-boa noite, eu sou o doutor Otávio amigo dos seus pais-ele diz e estende sua mão
-boa noite-aperto
-boa noite-Marina também responde
-desculpa o atraso, a Marina acabou se atrasando um pouco-me desculpo
-sem problemas, vamos?-ele aponta pra sala que ele acabará de sair
-vamos sim-falo animado

Sinto minha mão ser enlaçada pela Marina e não recuo, eu estou bravo, mas não posso deixar de dar o meu apoio a ela.

Entramos na sala e o médico aponta a maca pra ela deitar. Ajudo ela e me sento ao seu lado.

-já fizeram alguma ultra ou algo do tipo?-ele pergunta
-no médico que comecei o pré-natal, tem um aparelho tipo esse, ele apenas me mostrou quantas semanas estou mais ou menos e vimos um pontinho preto na tela-Marina conta a ele
-ok! A ultrassonografia que vou fazer é um pouco mais detalhada, e vou usar a ultra em 3D que dá pra ver melhor, tá bom?
-sim-ela responde
-abaixa a saia um pouco e levanta a blusa na altura dos seios-ele pede e ela obedece

Apenas sua barriga fica exposta. Juro que se não houvesse exame, se eu visse essa gravidez de fora, eu duvidaria que ela está mesmo grávida. Não há sinal de gravidez naquela barriguinha chapada.

Marina me olha quando sente o gel na barriga e eu estendo a mão pra ela que aperta novamente, dessa vez sem medo.

O aparelho entra em contato com a sua barriga e nós dois olhamos para uma tela que há logo a cima dos pés dela. A tela é grande e dá pra ver tudo.

O médico passeia com o aparelho na barriga dela e eu olho aquela cena encantado. Como pode ser tão perfeito?

-vamos ouvir o coração?-ele diz digitando algo no computador

Em seguida escuto aquele barulho acelerado, os batimentos avançados. Tudo está bem.

-é normal o coração dele bater tão rápido?-Marina pergunta preocupada e eu presto atenção, aquilo também é uma dúvida minha
-sim é normal, os batimentos nesse tempo que ele está, vária de 155bpm á 195-ele explica e eu não entendo basicamente nada
-que bom

Ele nos mostra o corpinho, a cabeça e trava em uma posição. Ele estava deitadinho.

Me sinto realizado. Ter um filho com a mulher que escolhi pra minha vida é sem dúvidas a realização de um sonho.

-tá tudo perfeito, não conseguiremos saber o sexo agora, pois o órgão genital ainda não está devidamente desenvolvido para que possamos ver, mas podemos fazer uma outra ultrassom quando você estiver entre 13 à 15 semanas-ele explica dando um lencinho para a Marina tirar o gel da barriga-quando você estiver com 13 semanas, provavelmente seu médico pedirá para fazer uma ultrassom morfológica, que é pra saber se há alguma má formação ou alguma doença genérica, quando vier fazer, caso ele peça a gente tenta ver se o órgão genital já se desenvolveu o suficiente para que possamos ver o sexo
-tudo bem-Marina diz baixo
-tá tudo ok né?-pergunto pra ter certeza
-sim, ele está visivelmente saudável-responde minha pergunta e se vira para a Marina-leve a ultrassom para o seu ginecologista ou seu obstetra que está fazendo o seu pré-natal, para que ele consiga prever mais ou menos quando será o seu parto-ele diz sério
-tá bom-Marina diz emocionada
-espera um instante que vou buscar a ultrassonografia-ele sorri e sai da sala

Ajudo a Marina sentar e pego o lenço de sua mão. Limpo sua barriga e depois de ajuda-la a levantar, arrumo sua roupa.

-ainda está chateado?-ela pergunta se agarrando em mim
-eu contei os dias, as horas e os minutos pra essa ultrassom, pra ver o nosso neném e você simplesmente esqueceu desse fato importante. Não ligo que se esqueça de mim, que se esqueça do mundo, mas não esquece que tem um neném ai dentro de você e que ele precisa de você pra continuar crescendo forte e saudável-falo sério-se você esquece um exame desse, imagina de comer-falo desapontado
-aqui está Luan-o Otávio volta a sala, me desvencilho da Marina e ele me entrega o papel com a ultrassom e também um DVD-está tudo gravado ai, caso queiram assistir novamente
-obrigada mesmo Otávio-aperto sua mão-meus pais acertaram ou eu tenho que acertar?-eu havia me esquecido de perguntar isso pra minha mãe
-não, quando a Mari sua mãe, veio trazer o pedido médico e marcar ela já deixou tudo acertado-ele sorri
-então obrigada novamente-sorrio
-obrigada doutor-Marina agradece
-esse é o meu trabalho-ele diz confiante

Seguimos até a saída e andamos de pressa até o carro, não queríamos correr o risco de alguém nos ver saindo de uma clínica de Ultrassonografia. Dirijo em silêncio até a Marina começar a falar.

-ele parece grande, mas só tem cinco centímetros-Marina diz olhando os papéis da ultra-ele pesa 7 gramas-ela sorri e eu acabo colocando um sorriso no rosto também
-tão pequeno e tão amado-paro em um sinal e acaricio a barriga dela
-o que você acha que é o sexo?-pergunta ficando de lado para que eu a acaricie melhor e para me olhar
-eu quero que venha com saúde, não importa o sexo, mas eu acho que é uma menina pra me dar bastante dor de cabeça igual a mãe dela-falo me esquecendo um pouco da minha chateação, não quero ficar brigado
-eu também acho-ela segura minha mão

Fixo meu olhar nela até escutar uma buzina. Olho e o sinal está verde. Coloco o carro pra andar novamente e o silêncio novamente se instala no carro. Penso em ligar o rádio, mas desisto.

Ao chegar no prédio do Mario o meu carro é liberado e entro no estacionamento. Paro em uma vaga dele e ficamos em silêncio.

-a gente ia pra sua casa-ela diz sem graça
-quer mesmo ir pra lá? Eu sei que você vai estar lá, porém pensando no Mario e em como ele está-sou sincero
-isso foi em tom de repreensão?-pergunta e eu nego
-não, é apenas a verdade e eu entendo-digo e ela fica em silêncio por um tempo
-antes de ontem foi dia dois-ela me diz e eu fico em silêncio esperando ela continuar-dia de finados, eu prometi que estaria lá em BH, mas com tudo o que aconteceu com o Mario, com essa divisão minha e da Hellen, eu não pude ir. Eu pensei nela o dia inteiro, mas não demonstrei a ninguém a minha tristeza por não estar lá, hoje eu amanheci com um peso nas costas, uma angústia, parece que faltava algo, mas somente a decepção por não ir ver minha vózinha estava presente. Não, eu não lembrei da ultrassom do nosso neném, mas não foi porque eu não quis, foi porque hoje estava sendo um dia triste pra mim, eu só lembrava de coisas tristes e o meu neném não é isso, meu bebê é amor, é felicidade e alegria, é diversão. Como em tanta tristeza eu iria colocar um ser tão feliz pra mim, me desculpa por ter esquecido, isso não vai voltar a acontecer, te prometo-ela diz tudo com a voz embargada e com o choro preso na garganta

Ela me disse que estava tudo bem por não ir pra BH no dia de finados, mas eu sabia que ela não estava sendo sincera e agora ouvir ela dizer me deixou triste por não ter pressionado, não ter acolhido ela quando ela precisou.

Tiro o cinto e me estico tirando o cinto dela e puxando ela para um abraço apertado, onde ela finalmente soltou o choro preso.





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Boa noiteee pessoas!
Tudo bem com vocês?
Ninguém perguntou, mas eu estou bem tá 😊
Capítulo um pouco tenso e fofo, porque eu aprendi a ser fofa 😌😏

2 comentários:

  1. É realmente vc aprendeu a ser fofa, me surpreendeu kkkk
    Agora ja pode continuar e PAGAR O Q TA DEVENDO

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