quarta-feira, 5 de abril de 2017

Capítulo 155 - A verdade

Marina

Algumas horas depois de almoçar com a família Santana, voltamos todos pro hospital. O Amarildo desceu na frente e resolveu tudo. Entramos pelos fundos e subimos até um lugar diferente. Era um corredor de quartos, o Mario já havia sido transferido e graças a Deus eu poderia vê-lo sem aqueles aparelhos.

Depois de devidamente identificados ficamos todos do lado de fora. Deixo todo mundo entrar. A enfermeira disse que não é regra, mas pediu para que entrasse de dois em dois, pois ele ainda está fraco e acabou de sair da UTI, então primeiro foram os meus sogros. Logo em seguida Luan e Bruna. Fico ali quietinha e angustiada. Não sei como reagir, como conversar, o que falar pra ele.

Quando a Bruna finalmente sai da sala, olho pra trás dela, mas o Luan não saiu.

-entra-Bruna deixa a porta aberta
-já eu vou-continuo sentada
-você tava doida pra ver ele, saber que ele está bem-minha sogra me olha
-é que..-abaixo a cabeça e ela se aproxima enquanto a Bruna fecha a porta
-o que foi?-continua me olhando
-e se ele ainda não sabe que o companheiro morreu? E se ele me perguntar sobre o homem? Como eu vou falar isso pra ele?-começo a pergunta já sentindo um nó na garganta
-não fica assim, eu tenho certeza que você vai saber falar com cuidado-alisa meu rosto-se ele ainda não sabe, ele precisa saber-ela me abraça apertado e eu fungo guardando meu choro
-tá bom-me desvencilho dela e levanto

Paro na porta. Respiro fundo e entro no quarto. Mario e o Luan gargalham de algo. Vejo que a Hellen não está ali e nem sei onde ela está.

-como eu te odeio por me fazer passar por isso-me aproximo da cama e ele me olha com os olhos lagrimejados-faz essa cara não, eu já chorei a noite toda, a manhã toda e já tô até desidratada-reviro os olhos e ele ri
-agora tá basicamente tudo bem, mas hoje de manhã eu pensei que eu ia morrer
-eu também pensei-faço bico me lembrando da cena
-tô bem-ele aperta minha mão
-Eu te amo tá?-abraço ele do jeito que dá
-Eu também amo você-faz voz de neném e eu dou risada
-como você está psicologicamente falando?-pergunto
-destruído, eu via essas coisas passando na TV, mas eu imaginava essa realidade bem longe de mim, quando eu escutei eles falando: 'que porra é essa? Quer dá o cú dá em casa, ninguem é obrigado a ver essas coisas nojentas. Viado tem que morrer'.-ele aperta os olhos com a lembrança-na mesma hora eu já fiquei em alerta e apertei a mão do Paulo, ele retribuiu o aperto e continuamos andando até que senti uma voadora nas minhas costas, fui no chão na hora, me virei pda conseguir ver de onde vinha o ataque e me protegi com o braço pra não ficar com o rosto desfigurado. Foram socos e chutes até que senti pauladas nas pernas, tentaram atingir meu rosto, mas continuei protegendo com o braço
-e quando eles pararam?
-quando o Paulo desacordou e eu fechei os olhos fingindo o mesmo-ele conta um pouco triste
-sério?-questiono
-sim, escutei eles nos xingarem e saírem, quando tentei abrir os olhos eu já não consegui, eu desacordei de verdade
-ainda bem que está aqui e está tudo bem-abraço ele novamente
-Marina andou se estressando demais, teve até que ser medicada pra poder se acalmar-Luan conta pra ele e eu o olho furiosa
-quê?-questiona enquanto faz bico
-dona Marina, dona Marina, você trata de dormir, de comer e de ficar bem, a gente pode incentivar, aconselhar, mas não podemos comer por você, é você que está carregando nosso bebê, sei que é difícil pra você tanto quanto é pra mim, mas nada agora importa além desse neném, ele tem que ficar bem e é isso
-importa sim, você importa, a sua saúde importa-ele tenta me interromper-nem começa que eu não vou discutir com você desse jeito-reviro os olhos
-como o Luan ta aguenta eu não sei-ele retruca rindo
-da mesma maneira que você me aguenta-dou de ombros
-Luan-meu sogro entra no quarto-você tem meia hora só-ele avisa
-aff-revira os olhos me olhando-tá bom pai-ele concorda
-o que é isso?-Mario olha de mim pro Luan, do Luan pra mim
-ele queria cancelar o show de hoje e eu disse que não, agora ele tá aí boladinho-conto e o Mario ri
-não é necessário Luan, eu cuido dela e ela cuida de mim
-eu confio em você-ele diz pro Mario que concorda com um sorriso

Vejo o Mario distraído e me aproximo dele deixando um selinho em sua boca. Ele automaticamente faz cara feia e começa a limpar enquanto eu dou risada.

-que nojo Marina-ele me repreende-gosto disso não, se fosse seu boy eu ficaria feliz-ele joga a indireta e o Luan ri
-meu boy não, vai que ele gosta e me troca por você, dou conta não-finjo estar séria
-é capaz dele gostar mesmo, quem me provou sempre pediu bis-ele diz todo convencido e eu concordo sorrindo, estou feliz por ver ele sorrindo assim

Luan fez algumas palhaçadas e passamos aquele tempo rindo sem parar.

-bom, agora a alegria de vocês precisa ir lá casa e arrumar a mala porque tenho um show pra ir-Luan para ao meu lado e me abraça apertado pela cintura
-amanhã você volta?-pergunto virando o rosto pra olha-lo
-sim, assim que eu chegar eu te busco pra ir pro meu apartamento
-preciso trabalhar-aviso
-eu sei, não vou te atrapalhar-avisa
-ok-selo seus lábios

Ele me vira e beija minha boca lentamente, confesso que saber que o Mario está bem me fez esquecer tudo a minha volta e apenas focar naquele beijo.

-bom show-digo assim que encerro o beijo
-obrigada e até mais-ele se afasta de mim

Vejo ele se aproximar do Mario e dar um selinho nele, o mesmo me olha e solta um grito de felicidade. Luan sai e me deixa rindo que nem boba.

-onde eu ia imaginar isso-Mario diz todo abobalhado
-roubando meu homem na cara dura-finjo indignação
-posso fazer nada-ele ri e eu acompanho

A enfermeira responsável por ele entra no quarto para medica-lo e em seguida sai avisando que o café da tarde dele chegaria logo. Ele se anima por ter algo pra comer e eu aproveito e peço pra ela mandar pra mim também, porque estou grávida. A mulher se sensibiliza com o meu estado e diz que vai providenciar.

-eu queria te perguntar uma coisa-ele diz depois de minutos de silêncio
-o quê?
-como o Paulo tá? Ele também veio pra cá? Ele tá bem?-faz uma pergunta atrás da outra e eu engulo em seco
-quer mesmo falar disso agora?-pergunto séria
-sim, eu perguntei pra Hellen, mas ela me ignorou e mudou de assunto. Ele está muito mal né?-faz cara de choro e eu fecho os olhos sem saber como dizer
-migo viado-começo e vejo um sorrisinho brotar no cantinho dos seus lábios-não sei se você conseguiu ver, mas o Paulo provavelmente apanhou mais que você.-respiro fundo-ele não conseguiu proteger o rosto como você conseguiu-lágrimas se formam em seus olhos-ele foi atingido várias vezes na cabeça com um pedaço de pau-minha voz falha ao ver ele começar a chorar-ele..-pauso sem conseguir-ele ficou muito mal, ele passou o tempo todo desacordado e ele..-paro novamente
-morreu? É isso que está tentando me dizer? Que ele morreu?-pergunta desesperado e o meu coração se despedaça todo
-sim-confirmo baixo-ele não resistiu-me levanto e abraço ele do jeito que dá
-por que com a gente Mari?-ele pergunta com o rosto na curva do meu pescoço

O clima não fica um dos melhores, mas tento passar a ele todo o meu conforto e assim que uma moça aparece com um carrinho e deixa nosso café da tarde faço diversas piadinhas em relação a minha gravidez e isso faz ele rir, sei que ele está mal não só por fora, mas por dentro também e exatamente tudo que eu puder fazer pra essa dor passar, eu não vou hesitar.





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 Não vou negar, eu amo esses três 😍❤

3 comentários:

  1. Só deus eu meus vizinhos sabem o berro que eu dei quando o luan deu um selinho no Mario

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  2. Eu já te disse isso e vou falar novamente, só não caso com o Mario pq não sou lésbica, e ele é uma mocinha kkkk

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