terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Capítulo 110 - Deixando as coisas claras

Luan

Esses dias foram os piores da minha vida. Ficar sem falar, sem ao menos ouvir a voz da Marina foi demais pra mim. Eu queria poder ligar, mandar um sms, perguntar como estávamos, mas a minha coragem foi ralo a baixo em todas as tentativas.

Passei a noite em claro pensando no que falar pra Marina. Como agir, amanhã ela chegaria e eu ainda não tinha decidido o que fazer. Fui vencido pelo cansaço e adormeci já pela manhã.

Poucas horas depois de pegar no sono escuto batidas na porta bem longe, talvez eu esteja sonhando. As batidas se intensificam e eu abro um olho, percebo que não é sonho é real.

-já vou-digo com a voz rouca

Me levanto e visto uma bermuda e uma regata que encontro no sofá. Sigo até a porta principal e quando abro dou de cara com a Marina e o Fred.

-oi-a voz dela sai como um sussurro

Fico parado alguns longo segundos olhando os dois parados na minha porta. Ele vestida em um conjunto de saía e uma espécie de top de renda, rosa, um óculos de sol nos olhos e um salto baixinho na cor da pele dela.

-oi-sussurro de volta
-tudo bem?-pergunta tentando se manter firme
-entra-abro a porta e assim ela faz

Fecho a mesma atrás de mim e observo a Marina de costas indo pro quarto. Sua bunda bem desenhada na saía, suas coxas e panturilhas torneadas, seu cabelo um pouco bagunçado e extremamente sexy.

-tudo bem?-ela pergunta de novo e se senta na cama, deita o Fred ao lado dela que apenas observa tudo quietinho
-estou muito bem-afirmo convicto e vejo ela murcha-e você? Está bem?
-não-ela suspira-como que fica bem longe de você? Sem ao menos falar com você? Sem nem saber o que está  te deixando bolado?
-você sabe o que está me deixando bolado, aliás aquele cara foi embora?
-defina o "foi embora"-faz aspas na última frase
-ir embora da sua vida, nunca mais aparecer
-não, ele não foi. Ele mora em São Paulo, voltou agora de um mochilão
-sabe bastante coisa sobre ele em-digo irônico e vejo ela bufar discretamente
-vai ficar sendo irônico?-pergunta desistindo
-não estou, é a verdade, aquele dia eu liguei e ele estava até pelado
-ele não estava pelado-ela se levanta da cama e vem até mim-ele foi ao banheiro e quebrou uma das torneiras, falei que não tinha problema e que depois alguém iria lá arrumar, mas ele disse que ele o faria. Ele tirou a blusa pra não molhar ou sujar e foi arrumar, eu como te disse estava de boa, e pra mim não faz a menor diferença ele pelado ou não, nunca senti desejo nem nada por ele, é por você que eu sinto amor, eu te desejo, eu te amo, eu te tudo, agora parar ver coisa onde não tem
-ah tem sim, vocês tem uma tatuagem juntos, você praticamente pulou no colo dele quando o viu
-ai Luan, quer saber, desisto. Vim aqui pra te explicar tudo e deixar as coisas claras entre a gente, mas você tá conseguindo fazer com que eu me arrependa por ter vindo até aqui.-se afasta-eu vou pra casa dos meus pais, quando quiser conversar comigo sem ironia é só ir lá me procurar, você sabe onde é, ai eu te conto quem é o Gui e a história dele comigo que não é nada do que está fantasiando

Ela rapidamente pega o Fred e vai saindo do quarto. Fico sem ação por alguns segundos e quando percebo que ela não está brincando vou até ela e a encontro já no corredor.

-espera-coço a cabeça sem graça e ela me olha-espera eu me arrumar e a gente vai juntos pra casa dos seus pais, no caminho a gente conversa-vou até ela e seguro em seu braço
-sem ironia?-pergunta cedendo
-vou tentar-dou de ombros
-tá bem-ela relaxa e eu me aproximo ainda mais-o que foi?-pergunta com um sorrisinho
-vou ser obrigado a te prender em uma casa e te encher de comida, pra ver se os caras saem do seu pé
-tá dizendo que se eu engordar vou ficar menos atraente?-passa um dos seus braços por meu pescoço
-não, estou dizendo que se você não ver mais ninguém na vida, ninguém vai ser capaz de te desejar e pra não te deixar de mau humor vou te encher de comida
-louco-ela ri e eu me derreto. Sou louco por seu sorriso, pelo som da sua risada

Puxo ela pra dentro do quarto novamente e vou pro banheiro.

-arruma uma mochila pra mim-peço alto
-com o que?
-roupa, pra mais tarde
-vai passar o dia comigo?-pergunta e sinto que ela sorri
-o dia e a noite
-hum-resmunga

Faço minhas higienes. Tomo um banho rápido e saío com a toalha enrolada na cintura.

-nossa-falo baixo ao ver a Marina toda curvada pra gente com a bunda empinada

Ela procura alguma coisa no chão e quando encontra se levanta animada. Vejo que é uma pulseira minha.

-tá com pressa?-pergunto chamando sua atenção pra mim eu queria toca-la
-não, por quê?-abre um sorriso malicioso de foder qualquer um
-nada não-desisto da minha ideia e vou até minha mala aberta em cima da cama

Me visto na frente dela que me observa em silêncio.

-vamos?-pergunta quase babando
-vamos-pego a mochila, um óculos, a carteira e meu celular

Ela pega apenas o Fred e a gente desce até o estacionamento. Logo vejo o Rober esperando na porta de uma van.

-pensei que nunca iam descer-o testudo levanta
-ele estava dormindo quando o chamei-Marina explica e entra na van
-normal-ele também entra e eu faço o mesmo sentando ao lado da loira

Pego o Fred no colo e repasso na minha cabeça uma maneira de começar aquela conversa. Eu estou extremamente desconfortável. Eu nunca havia sentido tanto ciúmes na minha vida. Ciúmes é um sentimento novo pra mim, um sentimento que dói, traz desconfiança e que não me faz bem algum.

-você vai ficar com a gente?-Marina pergunta pro Testa que nega imediatamente
-não, apenas fui escalado pra levar vocês e ter certeza absoluta que estão mesmo na casa dos seus pais e não aprontando por aí
-babá-Marina zoa e ele revira os olhos pra ela
-não tenho culpa se vocês são duas crianças-ele retruca me fazendo rir

Marina ignora ele que pega um fone de ouvido e coloca nas orelhas.

-podemos conversar agora?-Marina sussurra
-tem certeza?
-sim, quero deixar as coisas claras pra ti
-ok, pode começar me dizendo quem é ele e qual o nível de importância dele na sua vida
-o Gui, se chama Guilherme, tem vinte e seis anos. Conheci ele no meu terceiro dia de faculdade. Ele não curtia muito as aulas teóricas e por isso faltava demais e quando ia ele dormia durante quase a aula toda. Ele não falava com ninguém da sala, já que quando ia apenas dormia, porém tivemos um trabalho em dupla, eu caí com ele, o mesmo a princípio queria fazer tudo sozinho e quando eu neguei ele resolveu que eu faria sozinha. A gente brigou feio, até que ele entendeu que quando se trata de trabalho em dupla, os dois devem contribuir. A gente é muito parecido e isso facilitou uma aproximação, passamos a fazer todos os trabalhos juntos e quando ele dormia na aula eu emprestava meu caderno. Ficamos amigos, ficamos muito amigos. Eu e ele era tipo eu e o Mario. Ele tem uma importância parecida com o meu viado, porém um pouco menos
-por que eu nunca ouvi falar dele?
-ainda enquanto a gente estudava eu comecei a ter relação com o Jeferson. A gente namorava e não era segredo pra ninguém, porém o Jeferson passou a ter um ciúmes possessivo do Gui, ele pediu para que eu me afastasse, e óbvio que eu muito apaixonada fiz, com muita dor no coração eu me afastei do Guilherme. A gente terminou a faculdade meio distante. Ainda fizemos alguns cursos em comum. No fim ele me contou que iria fazer mochilão com alguns amigos por dois anos, eu disse a ele pra contar comigo sempre que precisasse. Ele foi e eu fiquei, a gente pouco se falou durante esse tempo, agora ele voltou
-vocês já ficaram?-pergunto indeciso
-nunca! Ele tentou ficar comigo uma vez em toda sua existência e eu deixei bem claro a ele que isso jamais aconteceria, nem que eu fosse solteira, não consigo olha-lo com outros olhos a não ser os olhos de amizade
-por que vocês tem uma tatuagem juntos?
-como eu disse a gente era muito amigo, muito mesmo, eu contava tudo pra ele e ele contava tudo pra mim, a gente saía tudo junto, e um dia a gente saiu pra jantar e estávamos falando de tatuagem, eu olhei pra ele e ele olhou pra mim. Queríamos representar nossa amizade de alguma forma e foi essa forma que encontramos, eu também já fiz uma tatuagem com o Mario e com a Hellen que é o coração que eu tenho no ombro, eles também tem.
-por que a gente não tem uma junta?-pergunto fazendo bico
-eu fiz uma só pra você, achei que nunca toparia fazer uma tatuagem comigo, então fiz uma pra ti
-qual você fez só pra mim?
-aquela na bunda, é só pra você, eu queria te irritar, te deixar puto e eu queria muito que você me batesse por causa dela, mas no fim nós dois acabamos gostando da tatuagem-sorri e eu faço o mesmo
-eu amo ela
-tem mais alguma dúvida?-ela pergunta olhando da minha boca pro meu rosto
-o que ele quer?
-ele terminou o mochilão e decidiu que quer se estabilizar em São Paulo por enquanto, porém ele quer fazer o que ele estudou pra ser. Ele não sabe como começar. Ele disse que tentou me ligar antes, porém como eu troquei de número ele ficou meio sem saída e teve que ir até o estúdio-dá de ombros
-o que ele quer?-pergunto novamente
-ele foi lá me pedir ajuda, na verdade um emprego
-e óbvio que você não deu né?!-ela faz careta
-eu dei sim-fala baixo
-como é?




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Eu falo coisas fofas e vocês já pensam que eu tô aprontando ou tô de TPM 😂😂😂
Tá tudo bem comigo viu, tô doente não kkkkk

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