Marina
Tomamos o nosso café em um silêncio quase que absoluto e assim que acabamos, permanecemos na mesa. Sinto o olhar do Luan sobre mim, mas me lembro que ainda temos um assunto pendente. Eu gosto de estar no meu trabalho e não vou abrir mão disse, por isso preciso comunicá-lo, mas não sei como.
-que foi?-Luan pergunta me encarando
-preciso te contar uma coisa-resolvo ir direto ao ponto
-então conta-dá de ombros curioso com o assunto
-eu voltei a trabalhar-falo de uma vez e a expressão de surpresa na cara dele não me dá nenhuma dica sobre o que ele acha do assunto
O silêncio volta a pairar entre nós e eu nem sei o que dizer, apenas fico a espera de alguma palavra dele. Depois de minutos em silêncio, Luan se levanta e vai pra cozinha. Continuo sentada esperando ele voltar e termos uma conversa decente.
-é sério? Voltou definitivamente?-ele volta da cozinha e fica em pé me encarando
-fui lá esses dias que fiquei fora de casa e os dias que você não estava aqui, não vou voltar definitivamente, mas vou voltar. Vai ser como foi quando ganhei a Laura, vou umas três horas por dia, vou organizar meus horários, às vezes vou a noite, de madrugada, de manhã, mas eu vou, você gostando ou não-deixo claro
-ok-encerra o assunto e tira o que sujou da mesa
-só isso? Não vai dizer nada a mais?
-vou falar o que Marina?-me encara-você já decidiu isso sozinha, você escolheu voltar sem se quer perguntar a minha opinião, alguma coisa que eu disser vai mudar a sua decisão?-pergunta chateado
-não, não vai mudar
-então pronto-ele sai visivelmente chateado
Apenas observo ele ir pra cozinha com tudo o que sujou e não faço nada, eu não vou mudar de ideia, além da minha família ser a minha vida, o meu estúdio também é. Eu batalhei tanto pra ter ele e não posso simplesmente abandona-lo, não posso simplesmente desistir de produzir. Eu sou uma mulher forte, sou uma mulher capaz e sei que consigo me desdobrar e dar o melhor de mim, tanto pra minha família, tanto pro meu trabalho.
Paro de encarar o meu prato vazio e me levanto. Pego tudo o que sujei e levo pra cozinha, encontro o Luan lavando a louça. Coloco minha sujeira na pia e ele apenas me encara sem dizer nada.
Deixo ele ali e volto pra sala de jantar, pego tudo o que sobrou do nosso café e volto pra cozinha, guardo tudo e volto pra sala de jantar, tiro as migalhas de pão da mesa, tudo o que pode ser jogado no lixo e volto pra cozinha.
-vamos pra casa agora?-Luan pergunta enxugando tudo o que lavou
-sim, vou só pegar os documentos das crianças que estão aqui e os meus
-tá-encerra o assunto
Deixo ele ali e subo as escadas, separo tudo o que vou levar de volta pra casa e quando vou me virar pra sair do quarto, sinto braços em volta do meu corpo e relaxo um pouco.
-me desculpa por agir daquele jeito, eu amo você-Luan sussurra em meu ouvido-e eu amo o amor que você tem pela música, eu não posso te pedir pra deixar isso de lado e você está certa em defender sua volta, eu não vou impedir, eu confio em você
-obrigada-solto a bolsa e agarro seus braços-eu batalhei tanto por aquele cantinho, batalhei tanto pra conquistar o meu sonho e agora que eu tenho eu não posso simplesmente me desfazer, eu não posso e nem consigo, eu amo o que eu faço
-não precisa se desfazer, a gente sempre fez dar certo, vamos continuar fazendo
-obrigada-agradeço de novo
-eu que agradeço, você tá precisando de mim e eu tô precisando de você
-vamos fazer dar certo, tudo vai dar certo-me viro pra ele e lhe abraço pelo pescoço
-vamos-ele concorda-só precisamos ficar juntos
-vamos ficar-aliso sua barba
-vamos pra casa?-me chama e eu sorrio concordando
-vamos pra nossa casa, pro nosso lar, pra nossa família-me estico e beijo sua bochecha
-eu amo você-faz carinho em meu rosto
-e eu amo você-falo olhando em seus olhos e ele gruda em minha cintura e me puxa pra cima nos deixando ainda mais perto
Ficamos assim por alguns instantes e em seguida ele me coloca no chão. Pego a bolsa com tudo que separei pra levar, grudo na mão do Luan e saímos em direção as escadas.
Saímos do apartamento e descemos pelo elevador em direção ao meu carro. Luan assim que nos aproximamos do automóvel, pede pra dirigir e eu sem reclamar, lhe entrego a chave e entro do lado do passageiro.
Luan pergunta como foram os meus dias sem ele e eu começo a contar tudo enquanto ele dirige em direção a nossa casa.
O caminho pareceu mais curto do que de costume e assim que ele estaciona o carro na garagem, ele me olha transbordando felicidade.
-que foi?-pergunto curiosa e ele estica sua mão fazendo um carinho leve em minhas bochechas que provavelmente ficam rosadas com o seu olhar
-tô feliz de te ter aqui, de saber que tá tudo bem
-ainda não sabemos se tá tudo bem-faço careta e ele faz o mesmo
-o que mudou agora?-pergunta um pouco preocupado
-amanhã você tem o seu retorno no médico, ainda não sabemos se tá tudo bem com você
-eu tenho certeza que está e se não estiver, vamos cuidar juntos
-sim, juntos-entrelaço nossas mãos e aperto fortemente-agora vamos que tenho certeza que a Laura e a Mariana estão morrendo de saudades
-e os gêmeos?-faz bico
-eles provavelmente estão dormindo, mas quando acordarem você faz a festa com eles também
-como sabe que eles estão dormindo?
-sabendo, eles sempre dormem no mesmo horário-dou de ombros
-vamos ver então-ele abre a porta e sai empolgado, faço o mesmo e pego algumas das coisas ali no carro
-pega o resto pra mim-peço manhosa e ele dá meia volta e pega o resto das coisas
Seguimos até nossa casa e a primeira a nos ver é Marizete que sorri animada e tomba a cabeça de lado. Luan faz sinal de silêncio pra ela que finge que não estamos ali.
Luan anda pisando em ovos e quando chega na sala, dá um berro fazendo a Mariana e a Laura pularem com o susto.
-papai, eu tenho coração-Laura diz e se levanta apressada do chão
Ela corre até o Luan e se joga no colo dele, que pega ela no colo e joga pra cima.
Mariana toda espertinha se levanta e começa a andar em direção ao Luan. Ao ver que o pai não percebe sua presença, ela faz um bico e começa a chorar.
Luan me olha pedindo pra pegar ela, mas eu nego dando risada.
-é você que ela quer meu querido, quem mandou querer quatro filhos, se desdobra-dou risada da careta que ele fez e sigo até minha sogra
Luan coloca a Laura em um braço e pega a Mariana com o outro. Me sento no sofá e a Mari me abraça de lado.
-se acertaram?-pergunta interessada
-sim, graças a Deus ele percebeu as burradas que estava fazendo-retribuo o abraço
-graças a Deus e a vocês
-a nós, você também é uma peça importante na vida dele-encaro ela e beijo sua bochecha
-eu amo você-ela beija minha testa
-eu também amo você-respondo com sinceridade-agora para de tentar me fazer chorar. Cadê Manuela e Matheus?
-adivinha-faz cara de deboche
-dormindo como sempre-dou risada sabendo que acertei-escutou amor, os gêmeos tão dormindo-jogo na cara dele que revira os olhos pra mim
-amanhã tem médico né?-ela pergunta mudando de assunto
-sim, quer ir junto?
-quero, será que o Luan vai achar ruim?
-ele não tá com moral nenhum de achar algo ruim-dou de ombros-vai ser às oito, porque ai seremos os primeiros e não terá ninguém-dou de ombros
-que bom então, venho pra cá depois do café
-combinado-me levanto-cadê a Dai?
-ela foi falar ao telefone com alguém, tá lá atrás
-ah, antes que eu me esqueça, amanhã depois do médico, vem pra cá, vamos falar com três babás e escolheremos duas pra ajudar a Dai. Minha mãe vem também e quero sua opinião também, prefiro eu mesma escolher do que pedir pra uma agência
-claro, eu venho com vocês e fico aqui
-obrigada-agradeço
-de nada
-vou lá ver meus bebês e já volto, obrigada por ficar com eles
-sabe que é sempre um prazer né?
-mesmo assim obrigada
Subo as escadas e ao chegar no quarto dos gêmeos, sento na poltrona e fico em silêncio observando eles dormirem tranquilamente.
Alguns minutos se passa, e minha solidão vai embora quando o Luan entra no quarto. Ele olha os dois bebês no berço e em seguida se aproxima de mim e senta no meu colo.
-tô feliz que estamos todos juntos de novo-ele me faz abraça-lo
-eu confesso que eu também tô muito feliz-faço carinho em sua barriga e subo pro seu peito
-amanhã tem uma social na casa do Sorocaba, vamos?
-vou falar com a minha mãe e com a sua, se uma delas aceitarem ficar com a nossa creche, nós iremos
-fala só com a sua, minha mãe vai ficar com o Bernardo, a Bruna e o Breno vão
-ok, amanhã cedo ela vem ajudar com os babys e eu converso com ela
-ok, mas se não der certo, sem problemas, a gente faz a nossa social
-sabe que se a gente for, você não vai beber né?
-por quê?-faz um bico
-bebida alcoólica faz mal, posso tentar te liberar um vinho de vez em quando e uma vez no mês uma cervejada, mas não prometo, a decisão não vai ser minha, vai ser do médico
-ok-concorda sem reclamações e eu me espanto-não diga nada
-não direi-finjo passar um zíper na boca e ele sorri se aproximando, mas o choro do Matheus faz ele se afastar
-moleque é mais ciumento que eu, eu em-resmunga e se levanta pra pegar o pequeno-oi gostosão do papai-ele afina a voz pro Theus que para de chorar
Gosto tanto de ver o paizão que o Luan é, tenho tanto orgulho e espero que ele saiba disso e se ainda não sabe..
-eu tenho orgulho do paizão que você se tornou-falo sem medo e ele sorri pra mim com os olhos brilhando-você é o pai mais incrível do mundo-elogio e ele manda beijo todo sem jeito-te amo-me declaro-muito
(...)
Estávamos ansiosos. Dimas abriu os exames e nesse momento os analisa sem dizer nada, não sei se isso é bom ou ruim.
Ele abre o próximo exame, encara tudo e também não diz nada. Luan gruda na minha mão e fica me encarando preocupado.
-bom-Dimas depois de minutos diz e se direciona pra gente
-e ai?-pergunto preocupada e ele solta um suspiro
Isso não me parece nada bom!
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Oii, até que voltei rápido né?! Prometo aparecer com mais frequência, estou me esforçando, juro 🙏
Continue amore,está ótimo e não demore pra postar...
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