sábado, 15 de setembro de 2018

Capítulo 359 - Uma família

Marina

A minha salvação da noite foi a Dai ter dormido aqui com a gente, meus gêmeos estranharam o apartamento de madrugada e eu tive que virar a noite com eles.

De manhã, depois de conseguir fazer a Manu e o Theus dormir, vou acordar minha filha mais velha. Ajudo ela a se arrumar pra ir pro colégio e desço as escadas com ela já pronta.

Faço um misto quente pra ela e um copo de leite do jeito que ela gosta.

Dai desce com carinha de sono, provavelmente também virou a noite comigo, já que dava pra escutar os gêmeos chorando.

-bom dia Dai-sorrio pra ela que boceja
-bom dia Mari-se aproxima e me cumprimenta
-obrigada por ter ficado viu, você é incrível-agradeço do meu jeito-hoje as crianças vão ficar com a minha sogra e com o pai delas, pode tirar o dia de folga viu-aviso e ela sorri concordando-e depois vamos caçar uma ou duas babás pra te ajudar, tá muito pesado pra ti e eu quero voltar literalmente pro meu estúdio, não pode deixar quatro crianças contigo, a Laura já dá trabalho pelos outros três-demos risada
-tudo bem, não vou nem reclamar, a Laura não dá trabalho, mas imagina ter que levar os gêmeos e a Mariana pra aula de dança, pro inglês, pra informática-ela começa a listar as atividades extracurriculares da minha filha
-realmente não dá, então por favor, me ajuda a escolher gente boa-imploro com medo
-claro que sim e eu sei tudo sobre os quatro, posso treina-las-dá de ombros
-já falei que você é incrível hoje?-tombo a cabeça de lado e ela sorri concordando
-você é um anjo que faz total diferença na vida da minha família-beijo sua bochecha-agora senta pra tomar café-mostro pra ela tudo o que tem pra comer e ela se senta
-senta também, certeza que está cansada-ela puxa a cadeira ao lado-e não só fisicamente-ela diz compreensiva comigo
-o que é fisicamente?-Laura pergunta nos olhando e demos risada
-fisicamente é tudo o que é físico, que pode ser pegado, no caso, eu estou falando do corpo da sua mãe-Dai explica do seu jeitinho e minha filha presta atenção o que me faz sorrir de orgulho, ela está crescendo rápido demais

Depois do café, Dai e Laura saíram me deixando sozinha. Como só um pão integral com peito de peru e sigo pra sala. Me jogo no sofá com meu celular na mão e começo a ler todas as mensagens que meu marido me enviou. A saudade já começa a me corroer por dentro, tudo nesse apartamento me lembra ele. A mesa que tomamos café que foi o primeiro lugar que fizemos sexo aqui, a cozinha quando cozinhavamos "juntos", o sofá, a sala toda, os quartos, exatamente tudo me lembra ele, tudo.

Me lembro da ligação da Tânia e das novidades que ela contou, segundo ela, ele comeu comida saudável e quando ela foi olhar os remédios ele havia tomado tudo certinho. Eu só espero que isso dure, pois não tô mais aguentando de saudade.

Me levanto um tanto chorosa ao escutar a Mariana chorar pela babá dela. Subo as escadas até o quarto que ela ficou e assim que me vê, ela sorri animada e bate palminhas.

-mama-ela diz e eu tenho vontade de morder suas bochechas gordas
-é minha gostosa, mamãe

Olho suas fraldas e vejo que ela fez coco. Pego tudo o que preciso pra trocá-la e deixo em cima da cama. Começo a limpa-la, mas ela não para quieta e acaba me melecando toda.

-filha-repreendo minha pequena que ri da situação-tá achando graça né mocinha?-termino de limpa-la e troco sua fralda e roupa

Deixo ela na cama e me olho toda melecada. Tiro a blusa suja de merda e fico só de top. Pego a Mariana no colo e desço as escadas, ao chegar no fim delas, a porta se abre e eu a encaro ansiosa, até ver meu marido passar por ela.

-o que faz aqui?-pergunto tentando não parecer irritada
-pera ai-ele me deixa falando sozinho e sai pra cozinha

Sigo ele e vejo ele tomando alguns remédios. Deixo ele ali e sigo pra lavanderia, coloco minha blusa na máquina, coloco água, sabão e amaciante. Ligo a mesma e saio dali.

-pode responder minha pergunta agora?-falo com o Luan que bebe um copo de água
-eu vim atrás de vocês, não é óbvio
-a Laura te deu o recado, eu vou levar as crianças pra sua mãe e você vai buscar a Laura no colégio e vai pra lá
-isso é mais tarde, eu ainda tenho algumas horas pra convencer você a voltar-ele tenta não parecer animado
-você não vai conseguir
-eu vou tomar jeito, eu juro, sabe o personal que eu tinha arrumado, mas mal usava?-pergunta e eu assinto-ele começar a ser usado, pedi pro Rober ajeitar horários de academia em minha agenda e também me ajudar a comer melhor, mais saudável. Pedi também pra ele conseguir o maior número de aparelhos pra academia lá de casa, pra eu fazer quando estiver de folga, a Tânia vai me ajudar na minha dieta quando eu estiver em casa e eu comecei a tomar os remédios, coloquei um monte de despertador no meu celular com os horários certinhos-ele se aproxima com o celular no aplicativo de despertador-eu vou me cuidar, eu não vou morrer do nada, não vou deixar vocês do nada, eu vou tá sempre aqui, eu vou me cuidar e eu preciso de vocês amor, não faz isso comigo.-ele começa a expressar emoção em sua voz e eu não aguento, sigo pra sala e me sento no sofá e coloco a Mariana sentada no tapete-você sabe quando eu minto
-eu não sei não-respondo de imediato
-claro que sabe-ele senta ao meu lado
-eu não sei, você mentiu pra mim, por mais de um ano Luan, você mentiu e eu nem percebi, eu já nem sei mais quando você está mentindo ou falando a verdade-nego chateada com a situação
-eu não menti pra você, eu omiti, é diferente, você não tinha como saber se eu estava mentindo sendo que nem conhecia a situação
-isso é o que mais me dói-sinto minha voz falhar
-eu só não queria te preocupar-ele alisa meu cabelo
-não pensou na possibilidade de eu descobrir e ficar destruída como eu estou?-encaro ele olho no olho
-não pensei nessa possibilidade-ele assume
-não pensou, mas agora eu descobri
-eu sei, e o culpado não é o Testa, o culpado sou eu-ele diz uma coisa que preste
-sim, o culpado é você, você é culpado por tudo, inclusive por eu estar aqui e não na minha casa
-então volta amor, eu já disse, vou me cuidar, dessa vez é sério
-é sério até quando? Até eu voltar pra casa? Ou até você ir viajar? Já que lá não posso te controlar-dou de ombros-até quando vai durar Luan?
-é sério sereia, vou me cuidar em casa e na estrada, mas por favor volta
-não vou voltar agora, não confio em você-sou sincera
-sereia-ele segura meu rosto e se aproxima-eu tô sendo sincero, você sabe que sim
-então me mostra, se cuida no dia a dia e me mostra que está mesmo disposto a se cuidar
-eu estou disposto a me cuidar, eu estou, juro pelos nossos filhos-ele me parece sincero-acredita em mim-ele roça seus lábios no meu-por favor, eu amo vocês e não posso ficar sem, por favor Marina-ele tenta iniciar um beijo, mas eu com toda a minha força de vontade, viro o rosto e ele beija a minha bochecha-eu vou me cuidar, mas preciso de você pra me ajudar a me cuidar, não diz não
-me mostra e quando eu tiver certeza que não está fazendo isso só pra gente voltar, eu volto
-me deixa ficar aqui-sussurra em meu ouvido
-não-respondo de imediato e como se fosse óbvio-tá na hora de você ir, aliás, você nem deveria estar aqui
-mas eu estou-dá de ombros
-me deixa quietinha no meu canto, vai pra casa dormir, mais tarde vou levar as crianças pra casa da sua mãe
-posso ver meus filhos agora?-ele finalmente se afasta
-vai lá-dou de ombros como se não me importasse
-é sério que vamos ficar assim?
-estou com cara de quem tá brincando?-cruzo os braços
-não tá mais aqui quem falou-ele some das minhas vistas

Solto o ar que eu nem sabia que estava prendendo e com ele sinto o choro fazer parte de mim. Olho minha filha no tapete e jogo a cabeça pra trás, pego uma almofada e coloco na frente do meu rosto pra que ela não veja que estou chorando.

Fico assim por alguns minutos até sentir alguém sentando do meu lado.

-ei-Luan diz tentando tirar a almofada do meu rosto e eu não deixo
-vai embora-peço, mas ele parece não entender
-amor
-vai embora-peço novamente
-Sereia, por favor-ele pede
-vai embora, por favor-tiro a almofada do rosto-você tá me machucando e tá doendo aqui-aponto pro meu coração-então por favor, vai embora-olho em seus olhos
-me desculpa por isso, me desculpa, eu não queria te machucar, isso nunca, me desculpa-ele pede insistentemente
-só vai embora
-tudo bem, pego as crianças na minha mãe e depois?
-depois eu te mando mensagem quando eu for busca-los
-deixa eles dormirem comigo? Eu vou ter que viajar amanhã a noite-faz cara de cachorro abandonado
-você dá conta?
-eu fico nos meus pais, eles me ajudam, amanhã levo a Laura na escola e trago os pequenos, por favor, eu mal fiquei com eles
-vou ter que ordenhar muito, mas ok-respiro fundo
-deixa eu levar a Mariana agora, sei que tá sozinha aqui, é pra te ajudar, menos trabalho pra você
-vou arrumar as coisas dela-me levanto e quando tento passar por ele, mas ele me segura
-me desculpa mesmo

Me solto dele e saio dali. Subo até o quarto e separo a girafinha de pelúcia que ela dorme, a chupeta, a babá eletrônica e desço. Sigo até a cozinha e pego a mamadeira dela, volto pra sala e dou a pequena bolsa dela pra ele.

-só tô mandando a girafa, a chupeta, babá eletrônica e mamadeira, o resto tem tudo lá em casa, fralda, leite, roupa, tudo-aviso e ele me encara

Ignoro sua cara e me aproximo da Mariana, pego ela no colo e distribuo beijos em seu rosto todinho.

-você vai passear com o papai, mas amanhã você volta pra mim-beijo seu pescoço-ah, vou contratar mais duas babás, Daiane está muito sobrecarregada e eu quero voltar pro estúdio-aviso ao Luan
-tudo bem, só me avisa que assino a carteira tudo certinho e coloco nas despesas
-eu pago as babás
-nós pagamos as babás, somos uma família
-depois falamos sobre-corto o assunto e entrego a pequena pra ele-já troquei ela, só não dei comida, nem mamadeira ainda
-ainda somos uma família né?
-pode ir agora? A Mariana me melecou toda de coco e eu preciso tomar um banho antes que os gêmeos acordem
-somos uma família?-volta a perguntar
-só depende de você, não esquece que ela tá sem comer, tchau-beijo o rosto da minha filha novamente e subo as escadas deixando ele ali

(...)







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Oiiii, tão surpresos né? Eu tô também
😂😂😂
Mas que bom que apareci né?!💃😎

quinta-feira, 13 de setembro de 2018

Capítulo 358 - Tomando jeito

Luan

Acordo depois de horas de sono, me arrasto até o banheiro e tomo um banho pra tirar o cansaço. Se eu bem conheço a Laura, ela vai querer brincar o resto da tarde toda, inclusive é um milagre ela não ter vindo me acordar, ela sempre faz isso, provavelmente a Marina pediu pra que ela deixasse eu descansar.

Saio do banheiro e sigo pro closet, visto uma roupa fresquinha e volto pro quarto. Olho a sacola da farmácia, abro a mesma e olho aqueles remédios prontos para serem ingeridos. Volto a jogar a sacola no sofá e me aproximo do criado mudo pra pegar o meu celular, vejo que embaixo dele tem um bilhete e pela letra, sei que é da Marina. Pego ele na mão e começo a ler o bilhete que me deixa aterrorizado.

"Eu tentei de todas as maneiras fazer você mudar de ideia e quando você disse 'ta bom' lá na farmácia, eu achei que aquilo era uma confirmação que você iria se cuidar, mas você não fez o que disse, não tomou os remédios, você os ignorou quando abriu a sacola para pegar as balas que comprei pra Laura e como eu já havia dito, eu não vou ficar pra te ver morrer sem cuidados. Eu odeio ter que te deixar, mas você não me deu outra opção.
Marina"

-ela foi embora?-falo sozinho ainda olhando o bilhete-isso não é sério, não pode ser sério-sinto o chão ao meus pés desabarem

Me levanto e ando até o closet, olho as coisas dela ali e realmente está faltando umas roupas que ela gosta de usar sempre.

-Marina, você não tá fazendo isso comigo, não tá-sinto um aperto no coração, mas não são as dores que costumo sentir, é como se aquela dor não fosse nada perto do que tô sentindo

Saio do quarto com o meu celular na mão e colocando seu número pra chamar. Chama, chama, chama e cai na caixa postal. Entro no quarto dos gêmeos e sinto falta de alguns brinquedos, roupas. Ando até o quarto da Mariana e também tem coisas faltando, continuo a andar até chegar no quarto da Laura e não encontrar seus arquinhos de pérolas, seus uniformes e materiais didáticos.

Desço as escadas e sigo até a cozinha que tem barulho de panela. Encontro a Tânia lavando louça.

-pra onde elas foram?-pergunto e ela me olha assustada
-nem vi você chegar-dá um sorriso sem jeito
-não muda de assunto
-eu não sei-ela responde ainda mais sem graça
-sabe sim-afirmo com a voz um pouco alterada
-eu não sei, juro, ela só disse que tava indo embora e que era pra eu cuidar de você
-ela não falou sério né? Ela só foi pra me dá um susto né? Foi isso?-dou um sorriso nervoso com a situação
-acho que ela foi de verdade
-não escutou nada? Uma pista?
-não, ela ficou na sala conversando com os pais de vocês e depois quando ela voltou pra cozinha foi pra avisar que tava indo, ela não parecia estar brincando, na verdade ela estava triste, muito triste, com os olhos vermelhos e parecia chorar
-Tânia-choramingo seu nome e sinto minha voz falhar-meu Deus, o que eu fiz?-deito a cabeça no balcão da cozinha

Escuto os passos dela e em seguida sua mão em meu cabelo. Viro a cabeça de lado e encaro ela preocupado.

-o que eu faço Tânia?
-vai atrás da sua família e vê se toma jeito, você está doente, mas pode se cuidar e ficar com as meninas e com o Matheus, basta querer-ela aconselha-sabe essa sensação de perder a Marina? Essa dor no coração por saber que não tem ela aqui?-concordo com a cabeça-ela vai sentir essa dor mil vezes pior se você não se cuidar e acontecer algo, vale a pena deixar ela assim por capricho?
-não-sinto lágrimas molharem o meu rosto
-então começa tomando os seus remédios, se cuidando de verdade, comendo mais saudável, fazendo exercícios físicos, se mostrar pra ela que se importa contigo, tenho certeza que ela volta-sua mão limpa as minhas lágrimas
-não sabe mesmo onde ela tá?-pergunto na esperança de receber uma resposta diferente da anterior
-eu realmente não sei, juro pra você, ela não disse nada pra mim, só pediu pra eu cuidar de você e qualquer coisa ligar pra ela, aliás, você já ligou?
-sim, mas vou ligar de novo-me levanto e beijo a testa dela

Volto a ligar pra Marina que não me atende de jeito nenhum. Ligo pros seus pais, minha sogra atende, mas diz não saber dela. Ligo pro Mario e nada, pra Hellen também nem sinal, ligo pra Luiza, mas também não sabe. Recorro aos meus pais que dizem não saber também.

Subo as escadas de volta pro quarto, pego a sacola de remédios e sigo pro banheiro, tomo os remédios logo de uma vez e desço tentando novamente falar com a Marina.

Pego a chave do meu carro e dou um grito da sala pra avisar a Tânia que estou saindo.

-VOU SAIR

Nem espero sua resposta e sigo pra garagem. Entro no carro e conecto o celular no carro. Continuo tentando contato com a Marina que continua a me ignorar.

Sigo em direção a casa dos meus pais e só depois de conferir que eles não estavam ali que fui embora. Passei também na Bruna, no Testa, na Hellen, no Mario, no antigo apartamento dela onde meus sogros moram e depois de não encontrá-los sigo pra minha última esperança, nosso antigo apartamento.

Ao chegar lá vejo que nas minhas vagas não tem nenhum carro, aquilo faz as minhas esperanças irem ralo a baixo. Estaciono em uma das minhas vagas, desço do carro e ando até a cabine do porteiro do prédio. Ele ao me vê sorri animado.

-oi, tudo bem?-pergunto
-claro, quanto tempo não aparece aqui-ele sorri animado
-é eu sei, mas vim só perguntar uma coisa
-claro, fica a vontade
-minha mulher está aqui?-pergunto de uma vez
-sua mulher?-pergunta sério e eu assinto-não, ela não está
-tem certeza? Se ela te pagou pra não dar informação, me diz, eu te pago mais
-não-ele ri sem jeito-ela não me pagou nada, ela realmente não esteve aqui, eu passei o dia sentado nessa cadeira, só sai por dois minutos pra ir ao banheiro, eu provavelmente saberia se ela tivesse vindo
-droga-solto baixinho
-está tudo bem com ela?-pergunta preocupado
-ela não tá em casa e não avisou pra onde iria, estou preocupado, ela nunca sai sem avisar
-olha ela realmente não esteve, mas se quiser deixar um telefone pra contato eu te aviso caso veja ela chegando ou pelas câmeras-ele deu ideia
-isso seria ótimo, tem um papel?-peço

O cara procura um pedaço de papel limpo e uma caneta, ele me entrega e eu escrevo meu número e meu nome.

-por favor, se ver ela, não importa a hora, me liga, eu tô muito preocupado
-ok, qualquer coisa que eu ver, em qualquer momento eu te ligo
-obrigada mesmo-estico a mão pra ele, que segura e apertamos

Respiro fundo e sigo de volta pro meu carro. Tento novamente falar com ela e ligo várias vezes, mas ela não me atende. Digito uma mensagem e envio, talvez ela veja, talvez ela se sensibilize.

"Meu coração já tá uma merda, não termina de destruir ele assim 💔"

Deixo o coração de lado e saio do prédio, volto pra nossa casa e sinto ela tão vazia, sem ninguém, não se parece com um lar, parece apenas uma casa, sem nada.

Tânia continua ali e depois de tanto insistir ela me faz comer um pouco. Depois de ver que não quero papo, ela para de insistir pra eu comer mais e vai terminar de organizar a cozinha.

Deixo ela ali e subo as escadas, me jogo na cama me sentindo sem rumo e tento novamente falar com a Marina, ela não atende! Tento mais duas vezes e na terceira percebo que ela atendeu.

Ligação on 📲
-meu Deus do céu, graças a Deus Marina, onde vocês estão?-pergunto apressado
-oi papai-a voz da Laura me faz querer chorar
-oi meu amor, tudo bem?-pergunto
-eu tô bem papai e você tá bem?-pergunta toda esperta-onde você tá?
-tô em casa e você?
-eu não sei, só sei que é uma casa linda-ela diz animada
-cadê a mamãe?
-a mamãe tá aqui, mas ela não quer falar, ela só disse pra eu falar que tamo bem, todo mundo-ela dá o recado
-fala pra ela que eu a amo, que eu amo vocês todos
-nós também pai, a gente só quer seu bem-ela me faz ter uma crise silenciosa de choro-se cuida pai, nós não quer ficar sem você-escuto alguém dizendo atrás e ela repetindo-por favor, se cuida papai, a gente precisa de você
-eu tô me cuidando, eu vou me cuidar, prometo, mas voltem pra casa-tento não mostrar que estou chorando, minha filha não merece
-primeiro se cuida, mas amanhã você busca eu na escola e vai pra casa da vovó Izete, a Mari e a Manu e o Matheus vai tá lá
-e a mamãe?
-a mamãe não sei papai-ela dá uma risadinha que enche o meu coração de amor
-eu amo vocês-me declaro com a voz embargada
-não chora, nós ama você-ela é meiga como sempre-eu vou desligar, mamãe tá fazendo bolinho de chuva-ela diz animada e eu acabo sorrindo
-leva pra mim amanhã
-tá bom, beijo papai, te amo
-eu te amo também, muito, muito, não esquece
-não vou esquecer-ela diz como se fosse óbvio-vou desligar na sua cara, tchau-ela fala e em seguida percebo que a chamada se encerrou
Ligação off 📲

Deixo o celular de lado e choro, sem medo, sem vergonha, apenas choro.

Quando meu choro cessa, pego meu celular e falo com o Rober, peço pra ele providenciar o maior número de aparelhos de academia pra mim e peço também para que ele organize minha agenda com idas a academia e avise o personal que contratei, mas que eu não estava usando.

Ele responde animado dizendo que gostou da minha decisão em me cuidar. Marquei as horas certinhas de tomar o remédio e coloquei despertadores pra isso.

Já na hora da janta, meu celular desperta, pego os remédios e desço as escadas sem ânimo algum. Tomo as pílulas necessárias e encontro uma marmita de comida saudável dentro do microondas.

Esquento a comida e como devagar. Ao me sentir satisfeito subo as escadas e mando mensagem pra Marina tentando um diálogo que não acontece.

Passo a noite toda me revirando na cama e simplesmente não consigo dormir. Já de manhã quando o sol começa a nascer, minhas pálpebras pesam e eu começo a cochilar, porém o celular ao meu lado toca e não é o despertador.

Olho o número e não reconheço, mas pensando ser a Marina eu simplesmente atendo a chamada.

Ligação on 📲
-alô? Quem fala?-pergunto
-oi seu Luan, é o Carlos porteiro do seu prédio, você pediu pra ligar se eu soubesse de qualquer coisa e eu estou aqui ligando, me desculpa o horário-me sento rapidamente ao escutar seu nome
-oi Carlos, tem alguma novidade?
-sim-ele sorri animado-sua esposa está no prédio sim, eu vi sua filha pelas câmeras, ela estava indo pra escola, resolvi interfonar pra cobertura e sua esposa atendeu
-ela não saiu?-pergunto já me levantando e me vestindo
-ela não, sua filha saiu com uma moça, acho que era a babá
-ok Carlos, muito, muito obrigada, se eu lhe encontrar ai te recompenso por isso, mas agora preciso desligar
-não tem que me recompensar com nada não e boa sorte-ele mesmo encerra a ligação
Ligação off 📲

Termino de me vestir e escovo os dentes, pego os remédios que terei que tomar daqui a duas horas e desço as escadas. Tania já está aqui.

-bom dia-falo com ela que se vira pra me encarar
-bom dia, senta, vou fazer um omelete e torradas com pão integral-ela entra na cozinha
-não precisa, eu vou sair
-Luan, você prometeu se cuidar, lembra?
-ok-me sinto derrotado e me sento na mesa

Espero até ela trazer meu café da manhã e como devagar, assim que termino, me levanto da mesa e me despeço dela, pego a chave do meu carro e ando de pressa até a garagem, espero que quando eu chegar a Marina ainda esteja lá.






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Olá, já estão querendo me matar? Aposto que sim 😂😂😂
Desculpem, eu não vou ficar me justificando, pois são muitos problemas juntos que me fazeram ficar distante daqui, mas já estão começando a serem resolvidos 🙏
Obrigada por quem continua aqui 😘